quinta-feira, 10 de maio de 2012

Ecologia e poesia

Em todo o sistema vivo
Eternamente se reciclam os recursos
Porque os fluxos são circulares.
As avançadas tecnologias insistem
Que nos farão sair da miséria
E, com mãos poderosas, excluem os pobres.
Poderíamos dirigir a máquina do progresso
E do desenvolvimento por uma estrada longa e lenta,
Na qual o verde vivo das vertentes, violento ou vago,
Permanecesse para sempre,
E não houvesse um abismo
Daqueles que imaginamos quando pequenos,
No qual o lixo fosse lançado.
E ser feliz? Acaso é possuir riquezas
Sem ter o coração em combustão?
Felizes são aqueles para os quais o progresso
É uma palavra de muitos erres e esses.
Os que se deitam na relva macia e úmida de orvalho.
Relva que não é, mas tem brilho de esmeralda.
Aurea Domenech
Rio de Janeiro, 3 de maio de 1990.

Aurea Domenech nasceu no Rio de Janeiro em 1956. Além de poeta, é artista plástica, tradutora e advogada. Participou de algumas exposições pelo mundo, tais como na P.T.A Art Galery em Winnetka. Em 1989, publicou o elogiado O Pescador de Sombras e prepara mais um livro para este ano.

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