A POBREZA E A CORRUPÇÃO SERVEM A QUEM?
Laurence Bittencourt (*)
Nunca a máxima “a pobreza só
serve mesmo aos políticos” esteve tão presente nas nossas vidas. A
exploração da miséria, da falta de independência financeira, sempre foi
uma constante na vida cotidiana dos brasileiros, no entanto, nunca
pareceu tão evidente como agora em tempos de corrupção e impunidades
visíveis.
Como não engulo a explicação de
que “é porque agora se apura mais”, o que a meu ver, só serve para
aumentar e consolidar as resistências para a manutenção do status quo
atual, ou seja, em última analise só serve para manter a corrupção e a
miséria, cujos beneficiários são os mesmos, os políticos.
Ora, é fácil por dedução
perceber que nossas resistências ao capitalismo vêm dessa absorção de
que é a manutenção da “política pela política” que iremos resolver os
nossos problemas. A pergunta é: por que não resolvemos?
Muito da história da humanidade
se deu com a passagem dos sistemas feudais e aristocráticos (sem falar
da escravidão) para o sistema capitalista. Não vou mencionar o comunismo
(ou socialismo) porque simplesmente ruiu no mundo, ou seja, não deu
certo. Ah, eu conheço o argumento (resistência?) de que é porque aonde
foi “implantado” o que houve não foi o “verdadeiro comunismo”. Essa é
ainda a mística mantida a ferro e fogo em países, por exemplo, como os
da América Latina.
Bom, mas voltando a minha linha
de raciocínio, penso que a não adoção do pensamento moderno,
capitalista, democrático, continua sendo o grande entrave ao nosso real
desenvolvimento. O incrível e o paradoxo é que, por mais incipiente que
seja, é esse mesmo capitalismo que continua financiando o Estado e
conseqüentemente a “vida burguesa” dos nossos políticos. Ou você tem
dúvidas do padrão de “vida burguesa” dos nossos políticos? Incluindo,
claro, os de “esquerda”?
Temos uma democracia que não é
democracia (somos obrigados a votar) por culpa dos políticos, temos um
padrão de comportamento amoral visivelmente por culpa dos políticos (que
se auto protegem e se impõem a própria impunidade), temos uma
exploração da miséria (e não só em época de campanha “oficial”) por
culpa dos nossos políticos. E, no entanto, temos que conviver com essa
mesma classe política.
Ok, o povo também é responsável
por que “vende seu voto”. Mas pense comigo de quem realmente é a culpa:
quem pode mudar esse quadro? São os miseráveis que estão necessitando
ou seria a chamada classe dominante? Penso também que temos um povo
passivo (é muito do nosso caráter), mas é possível se esperar mais de
quem teve e tem condições de alimento, de boas escolas, para mudar esse
quadro. Eles querem? Vá lá: nós queremos?
blog do Roberto Leite
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