Por Jorge Serrão
Exclusivo – Descoberto o motivo pelo qual o Doutor
Chefão Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo enfermo e andando de bengala, corre tanto
para evitar que seu amigo e parceirão Serginho Cabral Filho seja convocado a
depor na CPI do Cachoeira – que até agora caminha para desaguar em mais uma
pizza com sabor de impunidade. Lula teme que Cabral seja obrigado a explicar,
além de sua ligação umbilical com a empreiteira Delta, por que as obras do
plano inclinado do complexo do Alemão custaram tão caro e tiveram tantos termos
aditivos ao contrato inicial, superfaturando a previsão inicial de gastos.
O motivo da correria de Lula para blindar
Cabralzinho serviu de assunto das fofocas de final de semana de alguns senadores
e deputados, em Brasília - lugar apropriadamente avacalhado como “Detrito
Federal”. Oficialmente, a obra no Alemão custaria estratosféricos R$ 210
milhões. Mas o valor pode ter sido aditivado para R$ 253 milhões. Os políticos
comentavam ontem que gente muito próxima a Lula teria se beneficiado do
negócio.
Símbolo-mor do PAC no Rio de Janeiro, os bondinhos do Alemão são alvo de críticas econômicas. Transportam
apenas 10.000 passageiros por dia. Mas custam ao Estado do Rio R$ 2 milhões por
mês, em subsídios. O negócio parece tão bom que já se estuda implantar uma nova
linha do teleférico até o shopping Nova América, em Del Castilho, na zona norte
do Rio de Janeiro. Será que o modelo operacional resiste a uma isenta auditoria
para verificar se o dinheiro gasto a mais com sua manutenção escorre para algum
sistema de mensalão? Eis a questão...
Bancado pelo governo do RJ e operado pela Supervia
(em contrato de emergência, sem licitação que só ocorre em julho), o teleférico
tem passagem social a R$ 1 que não cobre os custos operacionais. Para piorar o
rombo, 55% dos usuários desfrutam de gratuidade. Cada viagem de até 3,5km (da
estação inicial, Bonsucesso, até a final, Palmeiras), 152 gôndolas, de 6h às
21h, custa aos cofres públicos R$ 6,70 – R$ 2 milhões divididos por 300.000
passageiros/mês.
Em 7 de julho de 2011, quando a Presidenta Dilma Rousseff
inaugurou o teleférico do Alemão, o discurso do vice-governador do Rio de
Janeiro chamou atenção. Luiz Fernando Pezão fez questão de agradecer às empreiteiras
responsáveis pela obras, principalmente a Delta Construções, de Fernando
Cavendish, cuja ligação com os esquemas do bicheiro e lobista Carlinhos
Cachoeira e a amizade com o Governador Sérgio Cabral se transformam em bons
motivos para se convocar alguém a depor numa CPI.
Uns 20 dias antes do discurso de Pezão, Cabral tinha
sido pego na besteira de ter apanhado emprestado um jato do empresário Eike
Batista, do grupo EBX, para viajar à Bahia e participar dos festejos de
aniversário do dono da Delta, em um resort. A farra passaria despercebida não
fosse uma tragédia. A queda de um helicóptero que provocou a morte de sete
pessoas e tornou evidente a intimidade entre o governador e o empreiteiro.
Cavendish perdeu a mulher, Jordana, e o enteado, Luca. O vice Pezão tinha
acabado de chegar à Sicília, na Itália, quando ocorreu o acidente, e foi
obrigado a cencelar as férias, voltando no primeiro voo ao Brasil, a fim de dar
suporte ao amigo Cabral.
A administração Cabral, no poder de 2007, já pagou
mais de R$ 1 bilhão à Delta, de Cavendish. Pelo menos R$ 207 milhões resultaram
de contratos assinados com dispensa de licitação. A maioria dos acordos também
teve termos aditivos aumentando os custos das obras. Desde a semana passada, a
Delta ainda divulga reclamações de que o Governo Cabral lhe deve uns R$ 300
milhões em obras executadas e não pagas.
Cabral também quase se queimou porque concedeu R$
79,2 milhões em benefícios fiscais para a EBX, empresa do bilionário qhe lhe
emprestou o jatinho para o trágico passeio na Bahia. Sorte de Cabral que o
Ministério Público resolveu arquivar a investigação sobre o assunto. Fato
normal de acontecer em um País em que os governadores nomeiam os Procuradores
Gerais de Justiça – responsáveis, eventualmente, por investigar seus erros ou
crimes.
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