quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Colégios campeões do Ideb dão exemplo de parceria entre alunos e professores em Cambuci, no interior do Rio.

Estudantes do Colégio Estadual Waldemiro Pita, em Cambuci: festa pelo segundo lugar no país entre as escolas do segundo segmento do ensino fundamental, do 6º ao 9º anos
Estudantes do Colégio Estadual Waldemiro Pita, em Cambuci: festa pelo segundo lugar no país entre as escolas do segundo segmento do ensino fundamental, do 6º ao 9º anos Foto: Extra / Thiago Freitas / Extra / Thiago Freitas





Roberta Hoertel

Chegar à Escola Estadual Waldemiro Pitta, no distrito de Monte Verde, em Cambuci, é percorrer uma longa estrada de terra e ser recebido com o cheiro do pão quente, preparado na própria instituição. Pelos corredores, a diretora Neliany de Campos checa a assiduidade e o desempenho de cada um dos 276 alunos, todos reconhecidos pelos nomes e histórias de vida. E garante: este é o segredo do sucesso.
Situada na zona rural de Cambuci, que abriga cerca de seis mil habitantes, a escola é a segunda melhor do país no segundo segmento no ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Neliany, funcionária da escola há trinta anos, apostou na aproximação dos pais com a instituição e no cuidado com cada detalhe da vida dos estudantes.
— Trabalho numa área rural. As crianças percorrem longos caminhos para chegar aqui, após horas de trabalho. Chegam cansadas e com fome. Precisava suprir isso de alguma maneira, então criei a padaria da escola. Pelo menos chegam e saem alimentadas daqui e, assim, se concentram mais — diz ela.
Para trazer os pais para a rotina dos alunos, e ainda incrementar a educação da cidade, Neliany lutou pela criação do curso de ensino normal, para formação de professores. Desta forma, além de garantir uma formação profissional para seus alunos, a diretora conseguiu que muitos pais voltassem a estudar para ter uma profissão.
Após 15 anos sem estudar, ajudando o marido na lavoura, a futura professora matriculou os três filhos:
— Eles estão sempre em cima da gente, dos estudantes e da família. O bom daqui é que garantem inúmeras oportunidades para todos nós e isso incentiva a família inteira a participar.
Em um raio de 25 quilômetros, existe apenas a pequena escola para suprir a necessidade de quatro distritos. Logo depois, mais uma surpresa. A Escola Estadual Oscar Batista, que ocupa a segunda colocação entre as melhores do país do 6 ao 9 ano.
— Temos que botar a mão na massa e mostrar resultados. Não posso ficar esperando o governo chegar aqui e olhar por mim. Com o pouco que tenho, tento levar muito aos meus alunos — afirma o diretor Odebe Peres.

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