Estelionato eleitoral é um golpe muito antigo em nosso sistema
eleitoral. Como não há nenhum mecanismo de defesa que proteja o eleitor,
a não ser o seu próprio bom senso de não votar em quem o engana, a
comodidade, a alienação e a bovinidade do eleitor brasileiro cumprem os
seus papéis no perverso jogo do “me engana que eu gosto” em que o
sistema eleitoral brasileiro se transformou.
Contudo, nenhum político ou partido brasileiro elevou o estelionato
eleitoral à “estado da arte” como fazem Sérgio Cabral e o partido dos
trabalhadores. A “Era Lula” trouxe para o cotidiano eleitoral brasileiro
a figura da “metralhadora de promessas” e a exacerbação do conceito
“Pão e Circo” que sempre estiveram presentes na forma de fazer política
em nosso país.
Lula prometeu ao eleitorado obras gigantescas que “refundariam” o
país. Casas populares aos milhões e quase de graça; estradas lisas e bem
construídas até o horizonte; portos maravilhosamente projetados que
lançariam o Brasil no rol de nações poderosas, pagamento da dívida
externa e autossuficiência em petróleo.
Quase dez anos depois, Lula deixou o governo elevado à condição de
Messias pela militância petista e com a imagem de “ótimo presidente”.
Mas, se analisarmos seus feitos, nada (ou quase nada) há para justificar
o furor uterino da militância.
Os milhões de casas populares jamais saíram do papel. As poucas que
foram entregues têm problemas estruturais gravíssimos, infiltrações
extensas e precisam passar por reformas pesadas depois de pouco mais de
um ou dois anos de construídas. Antes de pensar que é mentira ou
“intriga da oposição” veja nos links das agências a seguir:
Abracopel,
Sind’Ladrilhos,
Construsenior,
Folha Norte,
UOL Notícias,
Quero Casa Própria,
G1,
Contas Abertas e
FGV.
O PAC, principal arma eleitoral do PT, teve pouco mais da metade das
obras efetivada – apesar de quase todo o dinheiro previsto ter sido
gasto – o PAC 2 e o PAC 3, criados para viabilizar a campanha e a
eleição de Dilma, se converteram em pouquíssimas obras mesmo, mais uma
vez, tendo grande parte de suas verbas gastas. Também duvida? Leia no
site da
Contas Abertas.
O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci),
alardeado por Dilma como a salvação da segurança pública nacional e como
fator de modernização das polícias militares e civis morreu antes de
nascer. No primeiro ano de Dilma quase nada foi investido e praticamente
todos os projetos jamais foram retirados do papel. No entanto, a metade
dos recursos foi gasta alegremente. Além disso, para este ano, já há um
corte de verbas substancial que transformou o programa em “pó de
traque”. Leia em
O Globo.
Com tudo isso, sem falar em outros aspectos como educação (os piores
resultados práticos dos últimos tempos e as polêmicas mais vergonhosas
da história), saúde (canibalização de hospitais, morte a granel mesmo
para problemas banais de saúde, sucateamento e desespero generalizados) e
a infraestrutura que beira a africanização com aeroportos, portos,
estradas e terminais de carga praticamente em colapso; a criação de
bolsas e o assistencialismo populista descarado (acompanhados de um
trabalho fenomenal de marketing e de mídia) sustentam a imagem de
salvador de Lula e garantem a Dilma uma fantástica popularidade mesmo
tendo 60% de reprovação popular de suas ações de governo. A forma bem
elaborada de estelionato eleitoral adotada e a magistral condução de sua
vertente midiática garantiram, tanto a Lula quanto a Dilma, um
descolamento da corrupção galopante, da inação e da incompetência de
seus governos e os elevaram a condição de “Pai” e “Mãe” dos pobres.
Quando, na verdade deveriam ser conhecidos como seus algozes.
O mesmo se dá com o combate à corrupção. Muito se falou em faxina e
em limpeza na política nacional. Mas, Lula protagonizou alguns dos
maiores escândalos de corrupção do país e escapou ileso de todos com a
desculpa mais esfarrapada de todas: “Eu não sabia”. Ao mesmo tempo,
criticou abertamente as instituições responsáveis pela fiscalização e
diminuiu o poder que elas tinha de fiscalizar, através de mudanças de
estatutos e medidas provisórias. Dilma, alardeada pela mídia como a
faxineira, se converteu em espertalhona ao varrer habilmente os
corruptos que povoaram seu governo para baixo do tapete e, ao invés de
sanear verdadeiramente os ministérios, apenas afastou dos holofotes os
canalhas que foram pegos em flagrante e os substitui por outros que
continuam a usar sua pasta ministerial para engordar os cofres de seus
partidos e para enriquecerem.
Já no caso de Sérgio Cabral a coisa é mais emblemática ainda. Por não
fazer parte de um partido com uma militância tão feroz e combativa
quanto a do PT, Sérgio Cabral usa a mídia e seus relacionamentos no
mundo artístico (graças a seu pai) para se promover com extrema
habilidade. Político medíocre e omisso fez uso de projetos de lei
populistas (e todos anulados por inconstitucionalidade) para angariar a
alcunha de “Amigo da Terceira Idade” e garantir uma legião de eleitores
fiéis no RJ. Eleitores estes que julgavam a anulação de suas leis não
como golpes eleitorais; mas como “maldades” do Judiciário que era
“inimigo” dos velhinhos. Nesse meio tempo, muita exposição na mídia e
muitos sorrisos lhe garantiam muitos votos.
Mesmo sua política vitoriosa de UPP’s se funda em um acordo que
deveria ser execrado pela população com os traficantes desalojados. Por
ordem direta de Sérgio Cabral, os traficantes eram avisados com meses de
antecedência da data exata em que haveria a ocupação policial dos
morros, como forma de permitir a fuga dos criminosos.
A desculpa de “evitar o confronto e a morte de inocentes” não pode
ser levada em consideração porque os efeitos da fuga dos criminosos das
favelas ocupadas se refletiram em um aumento substancial da mortandade
de inocentes em áreas anteriormente de baixa violência.
Outro sinal de compactua com o tráfico é a admissão de que na favela
de Manguinhos as casas do “Minha Casa, Minha Vida” têm seu sorteio
influenciado e manipulado por traficantes locais. Estes obrigam os
agentes cadastradores do programa a incluir elementos de suas quadrilhas
nos sorteios e dirigem os resultados para que os favoreçam. As casas
que escapam dessa modalidade de fraude são simplesmente invadidas e têm
seus moradores despejados pela mão do tráfico que as converte em bunkers
e em depósitos de armas, munições e drogas. Tudo isso dentro dos
condomínios pagos pelos nossos impostos.
Ao ser obrigado a admitir essas ocorrências e o seu conhecimento
delas, dadas as irrefutáveis provas apresentadas pela imprensa, Sérgio
Cabral praticamente confessa um crime de responsabilidade por deixar de
reprimir essa prática criminosa e essa afronta vergonhosa ao poder do
Estado.
Mas, mesmo assim, é aplaudido de pé por uma claque sempre crescente e
goza de extremo prestígio entre os eleitores de baixa renda do Estado.
Sendo cotado até para ocupar uma possível chapa como candidato a
vice-presidente.
Seria formado um circo midiático perfeito com uma presidente farsante
e fruto de mera trama eleitoral e um vice-presidente omisso e favorável
a compactuar com o crime organizado como forma de ter menos trabalho e
facilitar sua vida, favorecendo sua voracidade por votos e suas ambições
eleitorais.
Se analisarmos o comportamento do eleitorado nesses últimos dez anos,
seria a dupla perfeita para a legião de cúmplices que se espalha pelo
país e que pouco se importa com a real qualidade de vida da população.
Desde que o cartão do Bolsa Família tenha sempre um saldo na data certa e
que os comícios e inaugurações sempre tenham um rega-bofe apropriado.
E você leitor, o que pensa disso?
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